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MORFOLOGIA EXTERNA


A identificação é a etapa fundamental para solucionar quaisquer dúvidas ou problemas entomológicos, possibilitando a obtenção de diversas informações bibliográficas sobre um táxon. O táxon pode indicar uma unidade em qualquer nível de um sistema de classificação de seres vivos: reino, filo, classe, ordem, família, gênero e espécie.

Para muitos taxonomistas, a identificação de um espécime não requer mais do que uma breve checagem dos caracteres críticos. No entanto, para não-especialistas, é uma tarefa difícil e geralmente frustrante. Para auxiliar no processo de identificação podem ser utilizadas chaves dicotômicas ou interativas, como as disponíveis na página "Chaves" deste site.

Iremos aqui considerar o termo Insecta, que atualmente é reservado aos insetos ectognatos (com peças bucais externas). Além disso, todos os insetos adultos apresentam: corpo dividido em cabeça, tórax e abdome; um par de antenas; dois olhos compostos (podem ser atrofiados ou ausentes); um a três ocelos (podem estar ausentes); três pares de pernas; um ou dois pares de asas (podem estar ausentes); abdome geralmente com 11 segmentos (Figura 1):

Figura 1.
          Morfologia externa de um inseto adulto.
Figura 1. Morfologia externa de um inseto adulto.
Fonte: Adaptado de Gallo et al. (2002).


Fonte: Extraído de Fujihara (2008).



Sendo assim, é necessário reconhecer as diferentes estruturas morfológicas externas utilizadas para a identificação dos insetos. Maiores detalhes estão disponíveis em: https://www.researchgate.net/publication/303376198_GuiaInsetos_cap1 e nas referências indicadas ao final do texto.

CABEÇA

Os apêndices presentes na cabeça dos insetos adultos são: i) fixos: dois olhos compostos (formação de imagens); um a três ocelos (percepção de luz); ii) móveis: antenas (função sensorial) e aparelho bucal (alimentação).

Antenas

As antenas possuem função sensorial e são formadas por três unidades principais: 1. escapo, o segmento basal; 2. pedicelo, segmento geralmente pequeno, onde se encontra o órgão de Johnston (função auditiva); 3. flagelo, que varia em comprimento e forma, e é subdividido em várias unidades que são os flagelômeros (Figura 2A):
Figura 2. A) Composição de uma antena típica. B) Tipos principais de antenas.
Fonte: A) https://entomologiageral.wordpress.com. B) Prof. Dr. Aden (UFOPA).

Aparelhos bucais

O aparelho bucal dos insetos constitui-se em um conjunto de peças bucais, com o qual os insetos capturam e manipulam o alimento. Há dois grandes grupos de aparelho bucais, em relação ao tipo de alimento a ser ingerido: 1. Mastigador, no qual o alimento é sólido, e 2. Sugador, no qual o alimento é líquido, fluido (Figura 3):
Figura 3. Principais tipos de aparelhos bucais. A) Mastigador – presente na maioria das ordens. B) Lambedor ou mastigador-lambedor – abelhas e mamangavas. C) Sugador-maxilar –borboletas e mariposas. D) Sugador-labial pungitivo ou sugador-picador – cigarras, cigarrinhas, percevejos. E) Sugador-labial não pungitivo ou sugador-lambedor - maioria das moscas.

TÓRAX

O tórax é a região mediana e a principal unidade de locomoção dos insetos, onde se encontram os três pares de pernas e, nos adultos alados, as asas. É formado por três segmentos: o protórax (primeiro segmento torácico); o mesotórax (segundo segmento torácico); e o metatórax (terceiro segmento torácico que se une ao abdome).

Asas

Os adultos alados, em sua maioria, possuem dois pares de asas: o par anterior, situado no mesotórax, e o par posterior, no metatórax. Há insetos adultos com apenas um par de asas e estas, normalmente, são as anteriores e, mais raramente, as posteriores; há também insetos adultos ápteros, sem asas. Seguem os principais tipos de asas (Figura 4):
Figura 4. Principais tipos de asas. Membranosa: asa fina e flexível, com as nervuras visivelmente distintas; podem ser cobertas por pelos ou escamas. Élitro: asa anterior geralmente dura, recobrindo a asa posterior membranosa. Hemiélitro: asa anterior cuja parte basal é dura (cório) e a apical flexível (membrana), onde se localizam as nervuras. Balancim ou halter: asa posterior modificada que serve para a manutenção do equilíbrio. Tégmina: asa anterior de aspecto pergaminhoso ou coriáceo.

Pernas

Os três pares de pernas, um em cada segmento do tórax, são denominados, respectivamente, de: pernas anteriores, medianas e posteriores. As pernas são compostas por uma série de segmentos (da base ao ápice): coxa, trocânter, fêmur, tíbia, tarso e pré-tarso. O tarso está formado por unidades que são os tarsômeros, cujo número pode variar de um a cinco. O pré-tarso é uma estrutura muito pequena e morfologicamente complexa, onde estão inseridas as unhas ou garras, quase sempre em número de duas. Seguem abaixo os principais tipos de pernas (Figura 5):
Figura 5. Principais tipos de pernas. Raptadoras ou raptatórias: pernas anteriores adaptadas para a apreensão de presas. Saltadoras ou saltatórias: pernas posteriores que servem de alavanca para impulsionar para frente aos saltos. Ambulatórias: não apresentam nenhuma modificação especial, sendo adaptadas para andar e/ou correr. Nadadoras ou natatórias: pernas adaptadas para o hábito aquático. Coletoras: pernas posteriores adaptadas para transportar massa de grãos de pólen, resinas vegetais ou solo. Fossoriais ou escavadoras: pernas anteriores de insetos que apresentam hábito subterrâneo. Preensoras: modificadas para apreender outros animais. Escansoriais: adaptadas para agarrar o pelo ou cabelo do hospedeiro.

ABDOME

É a terceira região do corpo dos insetos, que se caracteriza pela segmentação típica e simplicidade de estrutura. Geralmente é formado por 11 segmentos, sendo que, os três últimos podem estar reduzidos e/ou modificados, ou mesmo representados apenas por apêndices. É o centro das funções viscerais, reprodutivas e dos movimentos respiratórios.


Literatura recomendada

FUJIHARA, R.T. Chave pictórica de identificação de famílias de insetos-praga agrícolas. 2008. Dissertação (Mestrado em Ciências Biológicas, A.C.: Zoologia) - IBB, Universidade Estadual Paulista, Botucatu, 2008.

FUJIHARA, R.T. et al. Insetos de importância econômica: guia ilustrado para identificação de famílias. 1 edição ampliada e revisada. Botucatu: FEPAF, 2016. 391 p.

GALLO, D. et al. Entomologia agrícola. Piracicaba: FEALQ, 2002. 920 p.

RAFAEL, J.A. et al. Insetos do Brasil: diversidade e taxonomia. Ribeirão Preto: Holos, 2012. 796 p.

TRIPLEHORN, C. A.; JOHNSON, N. F. Estudo dos insetos. São Paulo: Cengage Learning, 2011. 816 p.
CCA/UFSCar – 2016
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